Confesso que procurei um texto pronto na internet para esse dia. Algo que, nas palavras de Drummond ou Vinicius, expressasse o quanto meus amigos significam pra mim. Não é uma tarefa fácil – colocar no papel ou na tela do computador toda a gratidão que venho sentindo, principalmente ao longo dos últimos meses, por poder contar com pessoas tão incríveis.

Acontece que nem Drummond nem Vinicius conheceram os amigos que tenho e nem passaram pelas alegrias e dissabores que passei. Embora ambos soubessem muito bem o significado de uma amizade, os autores famosos sequer poderiam começar a descrever a importância que cada um dos meus queridos amigos ganhou na minha vida.

Machado de Assis não conheceu as amigas de infância, com quem dividi bonecas, panelas e amarelinhas. Nem as do colégio, que renderam muitas risadas e algumas tardes de estudo.

Oscar Wilde jamais teve o prazer de conhecer meus amigos-irmãos, que me aturam nos meus dias mais hormonais, e aqueles com quem mais ri ou os que mais me viram chorar. Os que sumiram e voltaram – ou simplesmente os que a vida carregou pra longe.

Confúcio, então, coitado, não sabe quem são aqueles que nem a distância conseguiu separar, ou os que a internet fez questão de aproximar. Há ainda aqueles que já dividiram uma taça (ou uma garrafa) de vinho comigo, compartilharam guarda-chuvas e me deram carona.

Clarice Lispector também não saberia escrever uma palavra sobre os amigos que se revoltaram com quem me fez mal, que deram força quando a barra pesou ou que foram comemorar comigo quando a situação melhorou.

Quintana, por mais incrível que fosse, não conheceu os amigos que me contaram seus segredos – e que confiaram em mim o suficiente para me arrumar um emprego. Aqueles com quem fui ao cinema e todos os que tiveram o bom humor de discutir filmes, músicas ou livros comigo.

Todos esses escritores não sabem quem vocês são – mas eu sim, e vocês também. Obrigada por tudo.