" Só se vê com o coração. O essencial é invisível aos olhos. " (O Pequeno Príncipe)

Não pense que escrevo aqui o meu mais íntimo segredo, pois há segredos que eu não conto nem a mim!

" o maior favor que se pode fazer a semente é enterrá-la."

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

"O amor é paciente e benigno, não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo supera... O amor jamais acabará".

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Alguém me ensina a pensar menos nele? Alguém me ensina a não repetir centenas de vezes à mesma cena na cabeça? E não fazer dessas lembranças o meu maior martírio? Porque dói, dói muito pensar que há pouco tempo eu estive inteira com ele e o deixei partir, assim, sem insistir, sem nem um “fica mais um pouco?”. É possível não sentir esses arrepios ao lembrar-me do toque, do cheiro, do beijo dele? Ah
, eu daria tanta coisa para que aquele anjo estivesse aqui comigo agora, hoje, amanhã, sempre. Eu daria tudo pra vê-lo sorrir mais uma vez pra mim, mas quando estou com ele fico tão pequena, entrego-lhe o que ainda me resta, ele vai embora e eu fico aqui, me sentindo incompleta, me sentindo um nada, sobrevivendo apenas de migalhas da minha memória...

domingo, 25 de dezembro de 2011

Eu me arriscaria outra vez, levaria a culpa, levaria um tiro por você
E eu preciso de você como um coração precisa de uma batida, mas isso não é novidade

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Chore tudo que você tiver que chorar. Lembre de tudo que você tiver que lembrar. Tire um dia só para falar dele. Embriague-se dele. Tenha uma overdose dele. Repita o nome dele dentro da sua cabeça mil e uma vezes. Pense nele antes de dormir, e refaça os seus diálogos. E então, no dia seguinte, acorde para uma vida nova. Deixe ele, e tudo do dia passado, ali, no passado.
Mas, hoje, cheguei a uma breve conclusão: não, amar não é tudo. É quase tudo. Amar é o começo. O primeiro parágrafo. A primeira nota. É o que canta (e encanta). Amar é que nos faz falar. É o que nos faz acordar. É o que nos faz dizer “Bom dia” com o sorriso mais livre do mundo. Se eu estou amando? É, devo admitir. Depois de vários romances sem fim, me apaixonei por mim mesma.
 
>Fernanda Mello
Preciso sentir. Mas sentir de verdade, com intensidade, com vontade. Sentir algo novo, inédito ou alguma sensação inexplorada. É horrível ver o tempo passar e perceber que o coração continua incompleto, como se uma parte dele tivesse ido embora para algum lugar distante e nunca mais retornado. Pior que isso é passar tanto tempo tentando, em vão, encontrar algo que possa preenchê-lo novamente, e perceber que o máximo que as pessoas têm para oferecer é mais mágoa, mais decepção e mais angústia. Preciso ter fé e acreditar que um dia as coisas irão melhorar. Porque, infelizmente, o otimismo é a minha única e melhor opção para seguir em frente...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Amor meu grande amor,
Me traí ao ver uma fotografia sua. Que saudade! Que vontade! Quanta loucura! Eu fingi tão bem todo esse tempo que acreditei na minha mentira. Infelizmente não estou curada. Comecei a suspeitar que nunca houve um caminho, meu caso tem prognóstico reservado. Indeclarável. Completamente instável, subo e desço, caio e levanto todos os dias. E me dá tanto medo disso ser pra sempre. Por quanto tempo ainda você vai me fazer essa falta? Leva quanto tempo pra eu parar de te querer? Final do ano chegou, de novo. Meu coração ficou tão triste ao lembrar daquele ano novo que passei sozinha na cama chorando escondida, olhando os fogos de artifício pela janela que dava de vista pro mar, eu jurei " Eu posso chorar, vou chorar e no ano que vem tudo vai ser diferente." E foi mesmo! A gente se separou pra sempre. Eu mudei pra sempre. E o buraco no meu peito, o vazio do meu coração ficou pra sempre. Depois de você, eu realmente fui positiva, porque apesar do meu sentimento ser o mais bonito do mundo, nem tudo foi feito pra dá certo. Nem todo amor tem seu valor reconhecido. Depois de você podia apostar que só vinha o melhor. " Vai ter amor, vai ter fé". E eu acabei inventando. Fantasiei. Pra todo mundo sou convicta. Mas vou te dizer, todo ano novo eu derramo lágrimas velhas.

" E finjo que te amo às vezes, como se não te amasse sempre."

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu realmente havia pensado que tudo tinha mesmo acabado, e que não restavam mais fragmentos deste sentimento, mas hoje você me provou que não. Hoje meu coração acelerou ao te ver, e quase parou quando você se foi. Hoje, por pouco não voltei atrás de tudo que eu havia dito, quase falei que ainda te amava... Eu quase te deixei me tocar, quase te retribuí um sorriso, quase, mas quase mesmo corri para te dar um abraço. Hoje não consegui parar te olhar, me senti fraca pelo fato de ter deixado todos estes pensamentos voltarem, fraca por me sentir impossibilitada de te olhar sem mágoas. Sabe, eu bem que tento te tirar da cabeça, mas você parece ter acampado no meu coração! Que droga! Ele parece precisar de você (ou das lembranças de um passado onde todo este sentimento era recíproco) para pulsar, para poder bater! Burro, que tonto este meu coração, que insiste insanamente em querer, em querer você.



Pensei que agora seria mais fácil te esquecer, mas vejo que estava completamente enganada. Pensei que não te ver todos os dias fosse menos doloroso, e que eu não lembraria mais de você no ônibus voltando para casa, ou antes de dormir. Essa noite eu sonhei com você, e não foi mais um conto de fadas onde éramos felizes para sempre.. Era algo mais perto da realidade, mais óbvio.. Era você com ela, segurando a mão dela, chamando ela de princesa, apresentando ela pros seus amigos. No sonho ela era a protagonista, e a mim nem o papel de vilã havia sido dado, eu era apenas a espectadora. Eu estava ali, com o coração doendo, cheia de lágrimas nos olhos, fingindo que estava com dor de cabeça para poder sair dali sem dar demais explicações. Você mexia no cabelo dela, fazia careta, birra... Você era com ela, o que comigo foi um dia. O pior de tudo era que você nem se preocupava se eu estava assistindo àquela cena, achava que eu já havia superado tudo, afinal, eu fingi muito bem né? Porcaria! Eu queria mesmo era gritar como uma louca, sair batendo nas coisas e deixá-las quebradas, como o meu coração, como a minha alma. Bom, ok, já acabei. Tchau, estou indo bancar a forte e sem sentimentos, estou indo fingir que sou feliz
É triste, doloroso, árduo ficar sem você. Mas, me diga quais são as minhas escolhas? Eu peguei de volta as suas chaves e estou impossibilitada de levantar daqui para abrir a porta. É certo que seria incomparável o sorriso que surgiria em meu rosto ao te ver entrar, e mais certo ainda seria o processo de esmagamento do meu coração ao te ver partindo mais uma vez. Porquê você sabe, e felizmente agora eu também, que seria essa a ordem cronológica dos fatos. Eu não posso mais suportar o vai e vem das ondas do teu mar, não quero mais ser estonteada pelas suas piruetas e coreografias (para mim quase letais). Não que eu vá te esquecer, mas eu preciso me libertar de você e deste sentimento que tanto me faz mal. Não que ele seja mais amado, mas é que ele tem o poder de me arrancar sorrisos. Não que você não tenha feito isso, mas ele me faz sentir segura de que esta alegria é constante e agora não vou dormir com medo de que ao acordar estarei a sós com um bilhete de despedida. É, alegria... A soma dela me trará a felicidade novamente. Você não sabe o quanto eu gostaria de te deixar ficar, mas aceitar as suas condições ultrapassaria os limites daquilo que eu chamo de amor. Como assim, o amor não tem limites? Tem sim, para os que não são masoquistas. Agora vai doer, está doendo, mas eu sei que vai passar. Afinal, tudo passa, não é mesmo? Com o amanhecer de cada dia as feridas que agora estão abertas e sangrando, entrarão em processo de cicatrização. Não sei bem se neste momento podemos ser amigos, não sei ao menos se você quer isso. Acho que a proximidade agora poderia dificultar tudo. Sou fraca, ficaria facilmente hipnotizada pelo seu olhar e pelo som da sua voz. E você certamente tiraria proveito disso. Estou partindo de vez e não pretendo voltar, preciso dar um tempo ao próprio e lento tempo. É que hoje em dia não tenho mais certeza de que você realmente me ama ou amou, mas se tem uma coisa que estou completamente convicta é de que eu preciso me amar. 
Talvez com o passar do tempo eu esqueça alguns momentos ou o nome de um colega de classe. Talvez o trabalho me consuma e faça passar despercebida uma data de aniversário, mas do dia que vi pela primeira vez seus olhos, eu não esquecerei. Ao encostar a cabeça no travesseiro sorrio segurando as lágrimas ao lembrar do nosso primeiro beijo. Vejo horas iguais e lembro do teu nome e da sua maneira peculiar ao dizer  "eu te amo". Lembro das minhas crises de ciúmes não expostas, lembro de suas tentativas frustradas de me fazer te deixar. Das vezes que você dizia me odiar de tanto amar, de tanto querer, de medo de perder, medo do poder que tinha a pequena menina de sorriso bonito de despertar em ti o lado mais verdadeiro, mais sensível e mais sincero. Tanto tempo, tantos sonhos compartilhados, tanto sorriso, tanto doce, tanta noite, tanto luar... O calor dos seus braços, o teu abraço, o teu violão e a sua voz fazendo dança suave em meus ouvidos me fazia ter vontade de cantar também. O destino te levou pra longe e novamente brincou com a gente... Ao menos nos meus sonhos você é freqüente, já que na porta de minha casa não mais bateu. Tô lembrando do teu cheiro, do sorriso pendurado na parede por aquele porta-retrato, saudade de ver escrito na parede do teu quarto o meu nome... Tô querendo abrir aquela caixa e pegar o cd que você me deu pra reativar em mim nossa música. Eu quero que você me cale, peça pra eu pôr uma saia mais comportada e que tire da minha mão a terceira taça de champanhe seguida. Quero que ria das tolices que eu falo e que bagunce o meu cabelo. Quero que me xingue, me chame, que jogue em mim toda a culpa, mas acima de tudo, que me ame.  Perdão por ter sido eu, ao contrário de você, uma covarde. Mil vezes perdão... Quero que diga que fui uma tola ao ir embora, que fui uma tola ao ter tanto medo do sentimento que hoje me mata por não estar presente. A única coisa que quero é poder caminhar ao seu lado, ter 

sua mão segurando a minha, para sempre.  


Volta pra mim?
Doeu e dói. Tentei me controlar, mas algo dentro de mim está rasgando e arrasando mais e mais a cada minuto que passa. O coração tem acelerado mais do que devia, tem ameaçado parar de bater com mais freqüência, vejo tudo acontecendo outra vez. O orgulho ainda está residindo comigo na mesma casa e me acompanhando para todos os lugares que vou e você não se faz presente. Contigo sempre foi mesmo tão diferente... Todas as noites uma coisa estranha me faz deixar que o orgulho durma no sofá só pra trazer lembranças de nós dois para mais perto. Minha vida transcorreu perfeitamente bem desde que você partiu, ao menos aos olhos alheios... Agora a máscara está escorregando de meu rosto aos poucos, a mancha preta de maquiagem borrada ao redor dos olhos dá a impressão que estive chorando, e estive mesmo. A capa de mulher-maravilha sem sentimentos está no varal já faz um tempo e nem adianta esperar secar pra viver, pois no meu quintal só tem chovido e todo o verde daquela colina onde apreciávamos juntos o pôr-do-sol, simplesmente desapareceu. O céu pulou de azul para uma escala cinza e tudo que está no chão, é lama. Não tem sol nem brisa leve, só tempestades que levam embora o telhado de minha casa e de minha alma. Tô querendo um abraço apertado daqueles que tiram a gente do chão, quero tirar os pés do chão literal e não-literalmente. Quero beijo na testa e cafunés que não cessam nem no auge do descabelamento. Eu quero morrer de rir novamente. Toda essa parte é simples, o quebra-cabeça começa quando o sujeito da oração tem que ser você que é tão distante, tão proibido. Essa de que os opostos se atraem nunca funcionou bem comigo, mais difícil que lidar com o oposto é suportar o comum, os nossos próprios defeitos refletidos na face alheia. E foi por isso que me apaixonei por você, porque nós dois somos iguais. Quero que saibas que todos esses contos de amor que escrevo é para guardar em mim e assim eternizar todos os nossos momentosQuero que saibas que para ser feliz eu necessito enxergar o mundo com os mesmos olhos de cinco meses atrás, quando você chegou de mansinho e encarou-os pela primeira vez. 
Se tá ruim, se a tua louca crise alérgica te faz espirrar e é sinal que continuará a chover no teu quintal, calma, eu tenho o sol desde que você sorriu pra mim e ando com ele sempre no bolso, tipo um amuleto. Tá tudo certo. Se você tá de tpm, se alguém te magoou e você quer chorar.. Vem aqui, meu ombro continua sendo teu. Sempre será. Se você ainda tá confusa e se nada em tua vida melhora, não fica triste assim! Vou te encher de cóceguinhas até você morrer de rir. Porque você me faz bem quando chega perto com esse seu sorriso aberto. Olha, olha pra mim... Eu não vou sair daqui, mas também não vou chorar com você, pois aí quem te consolaria? Quero mudar a situação, quero ouvir a tua gargalhada estrambólica e engraçada, quero morder a tua bochecha e te fazer brigar comigo. Quero assanhar o teu cabelo e dizer milhões de vezes a mais pura verdade: "Você continua linda". Eu quero escrever pra você a mais linda de todas as cartas, te comprar um chocolate e te obrigar a deixar que eu pague a sua entrada no cinema, sua orgulhosa! Quero fazer pipoca e assistir um filme, quero comprar livros pra te dar de presente todo mês, porque é o que você gosta e ninguém te dá! Quero cheirar o seu pescoço pra que quando alguém chegar perto de mim com o mesmo perfume que o teu, possa eu como um menino sorrir. Então, largue de ser essa boba e saia debaixo dessa chuva, se esconde aqui e sorria de perto para mim, deixa que eu compartilhe contigo o sol que outrora me destes. Vem aqui menina, deixa eu te amar. 
Eu não consigo entender mais nada. Nadinha, nadinha. Eles falam que eu tenho que crescer, que já está na hora de agir como gente grande, mas eles me amedrontam o tempo inteiro. Eles me fazem promessas e ao mesmo tempo pedem que eu não acredite em nenhuma delas, porque eles não querem me decepcionar. Eles falam que a dor faz a gente ser mais forte, que um dia os cortes viram cicatrizes e fazem delas mais uma marca de maturidade. Eu sei de tudo isso, não preciso que me digam, porque aprendi com a vida e sei que cada bofetada que levei na face fez com que ela ficasse mais rígida e cada vez menos expressiva. Meu rosto aprendeu a esconder meus sentimentos e agora, quase involuntariamente, um sorriso aparece nele por cada lágrima presa nos olhos. Eles não compreendem que eu preferiria mil vezes não saber de tudo o que sei e ter de volta toda a minha inocência, só pra tirar de mim todas as marcas de um passado tão recente. Porque eu sei que minha dor é ímpar, porque eu sei o quanto ela é devastadora quando estou na escuridão do meu quarto, no elevador do meu prédio, no ônibus e em todos os outros lugares em que fico sozinha. A conversão de meu choro em risadas também os enganou e eu não os culpo. Fui eu quem quis assim, não posso querer que eles enxerguem o que eu escondo tão perfeitamente bem. Alguns agregam à mim, a imagem de uma pessoa forte, uma muralha. Mas é disfarce, tudo disfarce, sou fraca, sou fraca! Forte seria se fosse capaz de mostrar minha fragilidade, se fosse capaz de expor a um amigo as minhas lágrimas, se desse a cara à tapa e parasse de camuflar sentimentos em cima de personagens e mais personagens. Mas eu tenho medo. Sou covarde. Afasto os que são capazes de me tirar da fantasia. Afasto sempre porque no final todos vão embora, porque as pessoas mais dignas de meu amor, sempre tem de ir. Sempre tem algo que quebra, desencaixa e não volta ao lugar. Eu quero correr sempre de mim mesma, quero correr sempre do que me faz completa. Amedronta. Amor demais me amedronta. Me faz ter vontade de sair pela porta e não voltar nunca mais. Se eu não for magoada, magoarei alguém com esse meu orgulho imbecil. Eu não sei, mas preciso, meu rosto precisa respirar sem essa maquiagem. Eu quero o ombro que aconchegou minhas lágrimas, a mão que eu pedia a benção e segurava a minha quando eu tinha pesadelos. Eu quero conseguir continuar sem ferir ninguém, sem me ferir. Não sei se quero crescer agora, porque crescer exige coragem. Pra crescer mais, temos que cair mais também. Já vivi, caí e cresci o suficiente pra saber que cair dói. Crescer dói.

Dois R e uma dor.



As pessoas te olham, estão ao teu lado, por vezes te amam, mas não te conhecem. Tantas vezes a gente tem que ouvir e por amor, nada falar. A gente tem que aprender a perdoar, aprender que eles não são como nós e nem sempre têm esse olhar tão perspicaz sobre tudo, sobre o mundo. A gente tem que aprender a lidar com crises, superar os medos sem se deixar abater tanto... A gente tem que ver que ninguém morre de amor aos quinze anos de idade. O seu namoro acabou e tem gente esperando numa fila por um transplante, gente esperando pela morte numa fileira de macas no corredor de um hospital superlotado. Você enfrenta filas pra tudo nessa vida, a fila do amor-sincero-que-dura-eternamente é bastante grande. Espera. A gente tem que aprender a se livrar do que é banal, do que não te acrescenta, só diminui. Do beijo do cara bonitão que não te liga no dia seguinte e te deixa uma semana se sentindo um lixo, incompleta. A gente tem que aprender, por Deus, que quantidade não é qualidade. Tem que ter amor próprio, tem que aprender a conter o choro, tem que saber em quem confiar. A gente tem que largar mão de toda essa alienação, pensar com a própria cabeça, tem que voar com os pés no chão. Sabe o que é pior? Tem gente que julga muito a gente por não sermos nós os heróis a conseguirmos cumprir tantos ditos, conseguirmos concretizar tantos planos. E eu escrevo e releio mil vezes, tentando convencer a mim mesma que conseguirei. E repito mais mil vezes pro meu reflexo no espelho que não vou me apegar tanto, que vou me importar menos, que vou segurar a barra e todas as lágrimas. E eu consigo, minha superfície permanece intacta. Meu coração, em contrapartida, entra num processo de autodestruição. E dói ver que o passado me atormenta novamente, dói demais reviver tudo de ruim que outrora por pouco não fez de mim um pó. Dói fingir que estou bem por ser minha a função de bancar a muralha protetora. Sabe um muro de uma casa, dos mais altos, cheios de arames farpados? Ele protege os outros enquanto agüenta sol, chuva, pragas... É mais ou menos assim que eu me sinto. Sou forte, mas o reboco tá descascando, alguns tijolos estão caindo e ao mesmo tempo em que sinto que estou pendendo e indo ao chão, preocupo-me demasiadamente em saber em que lado cairei, a que pessoas machucarei.  E eu não consigo não ser assim. Por mais que eu saiba que é idiotice ser coração demais e até te diga que amor-próprio não é sinônimo de egoísmo, eu sempre vou pensar em alguém antes de mim (e te juro, não falo aqui de nenhum amor platônico). Porque eu me conheço e sei mais do que ninguém que para mim, maior que a dor da minha queda é a partitura de um coração que reciprocamente me ama. Aí eu olho pro espelho e insisto dizendo que tudo vai passar, que a paz tornará a reinar. Aí eu lembro das filas, da espera angustiante e ponho em mente a ideia de que o sol vai voltar e uma luz lá de cima me iluminará. Eu queria que fosse só mais uma parte de um dos pesadelos que constantemente têm atormentado as minhas noites, mas tudo isso pode ser resumido em duas palavras: ruim, realidade
Os meus contos são quase em totalidade contados no espaço de tempo em que o nó continua preso na garganta, a lágrima presa no olho e as palavras são teletransportadas do coração para a mão. Dificilmente escrevo acerca do que sinto, mas na tristeza costumo inventar dores mais doídas que as minhas e assim, sem querer, faço também doer corações que se vêem refletidos na minha escrita, corações colecionados por alguém... Corações que milhares de vezes são postos, nada cuidadosamente, no fundo de uma caixa velha junto a outros cacos. Vez ou outra faço sorrir rostos que se encontram cada vez mais inexpressivos com um bocado de doces e finais felizes. Por hora, vejo apenas um rosto diferente na rua, no ônibus lotado ou um casal que chora e começo, desenfreadamente, a imaginar motivos e situações. Nas entrelinhas deixo escapar quem sou, o que sinto, o que acho e assim, silenciosamente eu te falo com paixão que já fui boba demais, já sofri por amor, já amadureci mais do que o suficiente pra uma garota que ainda vai fazer dezesseis. Eu te conto, mesmo que às vezes você não perceba, que eu tenho um medo absurdo de crescer e deixar que o que me resta dessa inocência doce se vá para sempre. Digo-te metaforicamente, querido leitor, que o músculo mais forte do nosso corpo é sim o coração e nem tente enganar-se e dizer que não. Não adianta fugir, nesse mundo absolutamente nada acaba bem e no fundo restará a saudade, pois no final da linha está a morte. A infância, o seu (e o meu) pai falecido, qualquer outro ente querido. Amizades que morrem ainda em vida e que nos lembram a cada segundo que o ''para sempre enquanto dure'' não é nada fácil de realizar. Como? Se não vou falar da morte de um antigo amor? Querido colecionador/colecionado, o amor verdadeiro não morre sequer com a morte, porque o amor não está em nenhuma parte do seu corpo. O amor permanece na alma e sempre estará contigo. Como você pode notar, da dor da ausência eu sei muito bem como falar. Sabe, eu já bebi saudade de domingo a domingo, sete dias por semana, vinte e quatro horas por dia. Deixei por muito tempo de pintar meu arco-íris diário e vivi em escala cinza. Quando acabou? Quando a lágrima enfim caiu e o orgulho foi pro espaço. Cansei de ficar prendendo lágrima, coisa de covarde. Coragem tem quem dá a cara à tapa, chora e não quer nem saber. Que se dane o mundo! Eu deixei de brincar de esconde-esconde, cansei de ver rostos virados e inclinados pra qualquer direção que não fosse a minha e hoje, posso te dizer, me sinto feliz. O quê? Não, não. Já falei o bastante e não obstante, um dia tornarei a falar. O silêncio não mais permanece, meus lábios estão lacrados, mas minhas mãos descrevem mil vezes melhor o que sinto. Sempre, sempre, com muita paixão.
Você tem batido demais em minha porta e a solidão que está sentada ao pé da cama me olha querendo indagar se é ou não chegada a hora de poder partir. Balanço a cabeça negativamente e peço que ela espere para tomar mais um café, afinal são eles que tem me mantido forte e acordada por todo esse tempo. O telefone toca até parar e você me deixa mais um recado. Saudade? Dói, tipo quando se rala o joelho. Sangra, fica o hematoma roxo e depois de uma semaninha vai embora. Tenho me controlado bem, já estou fadada de descascar feridas. Tenho tentado deixar que você escorra pelo ralo como as lágrimas que deixo escapar no banho, quero que você pegue o mesmo rumo que a água. Quero falar tudo que eu sinto para um ser que não seja inanimado, pra você de preferência, por isso estou me preparando. Quero ver até quando conseguirei te ouvir me chamar e continuar sem responder. Quero te dizer que ter passado tanto tempo guardando sentimento só me fez mal, que inúmeras vezes eu quis sorrir de volta e correr pra te abraçar. Isso de amar pra dentro não funciona, no final a gente só consegue se machucar. Retraí-me, engoli o choro e desfilei. Soltei a sua mão e segurei com todas as minhas forças as do orgulho. Você como num reflexo, reproduziu a mesma cena. Nós nos escondemos um do outro e quanto mais brincávamos de desapego, mais voltávamos ao mesmo lugar de sempre pra falar besteira, ouvir música e rir das tolices da vida e do destino. No fundo sabíamos perfeitamente que estávamos andando em círculos, dando um giro no planeta e se esbarrando novamente, tropeçando e caindo um nos braços do outro. Só que você me magoou demais com suas atitudes e eu te mostrei como podia manipular as palavras, o quão amargas e ferinas elas poderiam ser. Aí nos maldizemos por aí, afirmando a qualquer um que perguntasse que nunca tínhamos nos pertencido verdadeiramente, que tudo não passara de uma brincadeira que como todas as outras, perdera a graça. Desviamos olhares, redirecionamos sonhos e evitamos os mesmos caminhos. Agora você percebeu que nem toda garota tem a graça do mistério que eu tenho e que somente a beleza física não te atrai suficientemente. Você começou a cansar de todas as bonitinhas que diferentes de mim, satisfazem todos os teus desejos, então começou a valorizar a inteligência e a opinião própria. Você percebeu querido, que as garotas mais loucas que existem são as que ainda possuem juízo e não as que têm o cabelo colorido. E eu? Percebi que pra ser feliz só preciso de alguém que não me faça temer à vida mais do que à morte, percebi que - por mais que uma sensação horrível de desgosto invada meu peito todas as vezes que penso nisso - esse alguém não pode ser você.
“Sonhar o sonho impossível,
Sofrer a angústia implacável,
Pisar onde os bravos não ousam,
Reparar o mal irreparável,
Amar um amor casto à distância,
Enfrentar o inimigo invencível,
Tentar quando as forças se esvaem,
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha busca.”


Dom Quixote

Sim, tenho orgulho de minhas feridas

Talvez a gente esteja no mundo para procurar o amor, encontrá-lo e perdê-lo, muitas e muitas vezes. Nascemos de novo a cada amor e, a cada amor que termina, abre-se uma ferida. Estou cheia de orgulhosas cicatrizes.'


Isabel Allende
Hoje acordei analisando o fracasso da minha vida amorosa. Posso ser boa e sucedida em muitas coisas, mas fica cada dia mais claro minha incapacidade de escolher bem um companheiro. Já me diverti com vários lobos... Já acreditei nesse príncipe. Então não sei mais o que esperar. Fico me perguntanto todos os dias se existe mesmo alguém pra chegar. Estou menos esperando já faz algum tempo. Não espero o homem perfeito, Deus me livre disso. Aliás já me apaixonei tantas e inúmeras vezes pelo imperfeito. Eu só queria alguém que me quisesse pra sempre. Não pra agora, só agora. Entende? Eu só queria tirar a prova dos nove que existe mesmo amor pra uma vida inteira. Eu queria cruzar uma avenida qualquer, entrar em um lugar qualquer e poder provar pro mundo inteiro que existe amor à primeira vista. Ou quem sabe, que existe sim amor de repente. Que eu possa querer e amar sem motivo. Ser só amor. Todo amor. Todo o tempo. E com fé, que eu possa descobrir isso e ser feliz nisso. Eu não estou triste, só me sinto caminhando contra o vento, continuo com você no pensamento... E dá uma pena! Tanto sonho pra viver. E você, cadê?!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011



As pessoas que falam e pensam  mal de mim são como lixas. Podem me arranhar, me machucar ou me fazer chorar, mas no final, eu sairei muito mais linda e polida. E as lixas? Apenas gastas e feias.
"E o seu amor que agora era impossível - que era seco como a febre de quem não transpira era amor sem ópio nem morfina. E "eu te amo" era uma farpa que não se podia tirar com pinça. Farpa incrustada na parte mais grossa da sola do pé."


Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres

"[...] uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra pra frente. Foi o apesar de que me deu uma angustia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei  e fiquei olhando para  você. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem é sequer bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteiro, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso."

Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres
"Eu não quero ter vergonha de nada que eu seja capaz de sentir."

Caio Fernando Abreu
Não sou da espécie robótica, embora tenha sensores de reconhecimento facial e mecanismos que reconhecem vozes. Sou daquele tipo sensível demais, que gosta de olhar nos olhos. Sou dessas que não se contentam com o sentimento automático, ou com a frieza da modernidade. Gosto de me encaixar na anatomia de abraços sinceros, daqueles que posso medir a temperatura dos corações com esse tal termômetro que as pessoas chamam de afinidade.
"Todo mundo sente medo, sente dor, tenta consertar o que não tem conserto, carregamos marcas que não se apagam, ausências que fazem doer o peito. Mas ainda é possível ouvir estrelas. Deixar que nossa luz nos oriente. Ainda podemos rir como se a alegria fosse nosso melhor adereço.
Acredito que pés descalços é o luxo da alma. Que estar perto é menos físico que a gente pensa. Que olhos falam, palavras estragam, e silêncio grita. Que a gente quer amar pra sempre, abrir o peito, recitar poema, sem se preocupar com o que os outros pensam. Sei que o que mais vale a pena é chamado de coisa pequena, que vira importante quando a gente deixa de achar que é grande."


Renata Fagundes
"Se você perdeu, então não era amor,
era uma lição. O amor não vai, ele dura."


autor desconhecido
"Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós."

Martha Medeiros 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Você é lindo!
Olhar para você é desfrutar a felicidade. É como sentir o cheiro do mar, o calor do verão , é como estar sentada admirando a melhor vista. É provar do chocolate mais doce, é ser embalada pela canção mais quente, é estar presa por vontade. Você é como um marcador de textos, destaca em mim o meu melhor. 
Confesso que nasci para ele antes de haver o mundo e que avistei o paraíso quando o vi pela primeira vez. Depois desse encontro o mundo começou a se mover de uma maneira perfeita, tudo girava em torno dele. As estações foram mudando de inverno à verão e eu continuei amando, olhando, respirando-o. Segui aprendendo nele, aprendendo com ele. Somente ele me ensinou o mais importante : A amar de todo coração.
E não há dia que não me recorde dos dias em que vivi ao lado dele, amando de forma pura, de maneira feliz. Amar é aprender. Se você não aprende coisa alguma ao lado de quem ama, então não é amor. O amor nos ensina o tempo todo; ensina-nos a enxergar o que ninguém mais vê, a apreciar a beleza; a sentir o encantamento até as borboletas no estômago esquecerem apenas de te visitar e resolverem morar por ali.
Quem sabe não foi teu amor que te ensinou a andar de bicicleta, ou te mostrou para que servem os lábios? Quem sabe não foi teu amor que te tomou pela mão e te levou ao teu primeiro passeio ou te ensinou a namorar? Quem sabe não foi teu amor que te ensinou a importância da música e a necessidade de se dançar coladinhos? Quem sabe não foi teu amor que te ensinou sobre a vida e te mostrou que era bem melhor vivê-la ao lado dele? Quem sabe não foi teu amor que te ensinou os teus defeitos, aqueles que você mais odeia? Às vezes se aprende muito com o amor e não nos damos conta.
Viver é amar - Aquele que já viveu um grande amor, já viveu. E é bom viver dele, morrer dele. E aprender a renascer para ele. É saudável relembrar, retomar sua estrada e perceber que nada tem fim, tudo tem o tempo certo que é pra ser. Aproveitar o amor, se encher dele e se tornar um ímã. Confesso que vivi grandes momentos, sorri, chorei, abracei, beijei, desejei, vi e me reconheci portadora de uma grande felicidade. Felicidade que não só me visita, já habitou em mim, e em breve retornará para casa outra vez.


"Não falem de um homem que amou sensatamente,
falem de um homem que amou demais." ( William Shakespeare)
Primeiro se apaixonam os olhos, só depois o sentimento chega ao coração. Os olhos é que escolhem, são eles totalmente responsáveis pelas paixões desenfreadas, aquelas que não conseguimos escapar, em que ficamos presas por vontade. São eles, a culpa é toda deles. Eles que nos mostram todo aquele conjunto maravilhoso que nos dá vontade de apreciar eternamente. Eles nos mostram o outro par de olhos, a boca, o pescoço, o ombro, os braços, as mãos e todo o resto. Retornam, e como se não bastasse tamanha devoção, eles nos viciam à não parar de olhar.
E contra nossa vontade, somos descobertas, eles nos entregam, eles contam ao outro par de olhos o que se passa lá em nosso coração. Teimosos, tentamos um desvio de olhar, mas eles retornam para o objeto de adoração.
" (...) Claro que me cuido, nem precisava pedir. Te cuida, dissera ele. E eu ouvi como se fosse um te amo. ( Martha Medeiros)
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A primeira parte é quando conhecemos aquele cara, aquele que se destaca na multidão, aquele que nos intriga, e imediatamente nos faz querer saber mais sobre aquela anunciação de paixão nova que está bem à nossa frente.
A segunda parte, para mim confesso é a mais gostosa. É o conhecer, fazer passeios juntos, ver aquele filminho, fazer cafuné, receber massagem, sentar e ficar ouvindo ele contar sobre a vida, sobre seus planos, enquanto você se sente feliz outra vez, sente-se em paz. É muito bom tê-lo por perto.
A terceira parte é descobrir-se apaixonada. Você consegue colocar o nome dele em qualquer frase dita, mesmo que seja no trabalho, ou na academia. Pensa nele quando está no chuveiro, e esquece se já passou xampu no cabelo e tem que passar outra vez só para garantir. É ficar horas ao telefone e as outras seguintes esperando ele ligar ou aparecer assim de repente depois do futebol com os amigos. É sentir aquele friozinho na barriga quando vê o nome dele na plaquinha do msn, ou estampado na mensagem recebida de madrugada pelo celular.
A quarta parte é o cuidado. É saber se ele foi bem na prova, se no trabalho novo deu tudo certo, se aquela promoção saiu, ajudá-lo com os problemas, amenizar os problemas. E quando pensamos estarmos amando sozinhas, vem um - Se cuida! Quem já ouviu sabe bem, às vezes soa melhor que eu te amo, é como se ele dissesse - Me preocupo com você, penso se você está bem ou quem sabe - É importante para mim que você esteja bem! O cuidar para mim é essencial no relacionamento, é do ser humano, cuidar bem daquilo que se ama. Para mim cuidar é sinônimo de amar. Às vezes nunca se viu essas palavras: eu te amo! Mas já a escutamos muitas vezes.
"Mas há a vida que é para ser intensamente vivida.
Há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.
( Clarice Lispector)
"Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem ou é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Então que ela tem o jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafageste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara? Não pergunte para mim.
Você é inteligente. Lê livros, revistas e jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar ( ou quase). Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fetuccine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém. Com um currículo desse criatura, por que diabo está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente= dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito do amor da sua vida!
( Martha Medeiros)
Sempre preferi os que tocam.
Aqueles que tocam bem lá dentro da alma da gente. Perfeitos são esses seres que nos tocam onde o encantamento jamais se perde, só se transforma. Não sei ao certo se eles nos tocam de propósito ou se são assim, porque assim é que devem ser - Inteiramente apaixonantes. Fazem com simplicidade e com um jeito carinhoso. É que eles fecham os olhos e deixam a arte acontecer.
Sempre preferi os que tocam. Estou certa que não tenho um instrumento preferido, sou aquela mariabandainteira, porque sei bem que não importa a especialidade, a magia está na entrega do momento. De vocalista à baterista, quem já teve a sorte de estar enamorada por algum entende com propriedade que eles sabem bem como nos tocar. E como tocam! Transformam-nos de simples ouvintes para fãs enlouquecidas e de carteirinha.
Sempre preferi os que tocam os que mexem bem lá dentro da gente. Os sensíveis sabem bem nos envolver e fazer tudo parecer um sonho que jamais tem fim, sabem dar beijos apaixonados, nos embalam em suas melodias, nos tocam como se fossemos seu instrumento musical preferido e nos guardam com muito zelo, eternamente em suas canções.

O amor não pode acabar!

Quem disse que o amor pode acabar? O amor que nos invade, nos ensina, nos modifica, nos melhora... Este tipo de amor nunca nos abandona, ele sempre encontra uma maneira de retornar para nós, seja numa nova chance ou numa antiga lembrança. Acredito que nossos sentimentos são a única coisa eterna na vida da gente. O que a gente sente nunca se apaga, nunca dorme, nunca se aquieta, nunca morre. Algumas vezes precisamos lapidá-lo , transformá-lo em algo possível de se conviver e levar em paz consigo.
O amor é uma fonte inesgotável, quanto mais se dá, mais se tem. E mesmo que ninguém apareça para beber nessa fonte, a água permanece ali disposta a matar a qualquer momento a sede de quem virtuosamente merecer, até mesmo daquele que se foi mas que às vezes o destino não era de ir mas de retornar para fonte à qual pertencia. Fonte especial com água preciosa que nunca seca, é o coração de uma mulher. Tão carinhosas e preocupadas, quantas vezes não quisemos matar a sede de quem bebia em outra fonte?
Mulheres - Ah nós mulheres, escolhemos, acolhemos, cuidamos, amamos e diversas vezes perdemos. Algumas vezes por medo, outras por insegurança, obra do acaso ou descaso do destino. Outras vezes ganhamos, amadurecemos, degustamos esse doce pedaço de paraíso que compartilhamos com graça e com zelo. Nós que sabemos a importância daquele momento ao lado de quem se ama, nós que às vezes damos um jeitinho de driblar o destino, arregaçamos as mangas e vamos a luta pelo nosso amor, nós que tantas vezes renunciamos, compreendemos e voltamos ao início com aquela fé inabalável, acreditando e esperando em Deus por aquela felicidade preenchida e paz revigorada.
Nós é que sentimos bem lá dentro da gente que o amor não acaba, ele apenas muda. E quando nos encontramos com aquele novo amor gostoso ou o velho amor recuperado, aquele que só de fechar os olhos dá saudade, que só de lembrar do jeito se morre de vontade, é que a gente pára pra refletir - Que se pode ser assim tão profundamente meu, para que pensar que existe adeus?! Eu sempre vou e amo!
Agora me diz, quem foi que disse que o amor pode acabar?

A poesia que vovó me ensinou

 Vozes d'África
 
 
                                                Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? 
                                                Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes 
                                                        Embuçado nos céus?
                                                Há dois mil anos te mandei meu grito, 
                                                Que embalde desde então corre o infinito...
                                                        Onde estás, Senhor Deus?...
 

                                                Qual Prometeu tu me amarraste um dia 
                                                Do deserto na rubra penedia
                                                        — Infinito: galé! ...
                                                Por abutre — me deste o sol candente, 
                                                E a terra de Suez — foi a corrente 
                                                        Que me ligaste ao pé...
 

                                                 O cavalo estafado do Beduíno 
                                                 Sob a vergasta tomba ressupino 
                                                        E morre no areal.
                                                Minha garupa sangra, a dor poreja, 
                                                Quando o chicote do simoun dardeja 
                                                        O teu braço eternal.
 

                                                Minhas irmãs são belas, são ditosas... 
                                                Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas 
                                                        Dos haréns do Sultão.
                                                Ou no dorso dos brancos elefantes 
                                                Embala-se coberta de brilhantes 
                                                        Nas plagas do Hindustão.
 

                                                Por tenda tem os cimos do Himalaia... 
                                                Ganges amoroso beija a praia 
                                                        Coberta de corais ...
                                                A brisa de Misora o céu inflama;
                                                E ela dorme nos templos do Deus Brama,
                                                        — Pagodes colossais...
 

                                                A Europa é sempre Europa, a gloriosa! ...
                                                A mulher deslumbrante e caprichosa,
                                                        Rainha e cortesã.
                                                Artista — corta o mármor de Carrara; 
                                                Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
                                                        No glorioso afã! ...
 

                                                Sempre a láurea lhe cabe no litígio...
                                                Ora uma c'roa, ora o barrete frígio 
                                                        Enflora-lhe a cerviz.
                                                Universo após ela — doudo amante 
                                                Segue cativo o passo delirante 
                                                        Da grande meretriz.
 

                                                ....................................
 

                                                Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada 
                                                Em meio das areias esgarrada,
                                                        Perdida marcho em vão!
                                                Se choro... bebe o pranto a areia ardente; 
                                                talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!
                                                        Não descubras no chão...
 

                                                E nem tenho uma sombra de floresta... 
                                                Para cobrir-me nem um templo resta 
                                                        No solo abrasador...
                                                Quando subo às Pirâmides do Egito 
                                                Embalde aos quatro céus chorando grito:
                                                        "Abriga-me, Senhor!..."
 

                                                Como o profeta em cinza a fronte envolve, 
                                                Velo a cabeça no areal que volve 
                                                        O siroco feroz...
                                                Quando eu passo no Saara amortalhada... 
                                                Ai! dizem: "Lá vai África embuçada 
                                                        No seu branco albornoz. . . "
 

                                                Nem vêem que o deserto é meu sudário, 
                                                Que o silêncio campeia solitário 
                                                        Por sobre o peito meu.
                                                Lá no solo onde o cardo apenas medra 
                                                Boceja a Esfinge colossal de pedra 
                                                        Fitando o morno céu.
 

                                                De Tebas nas colunas derrocadas 
                                                As cegonhas espiam debruçadas 
                                                        O horizonte sem fim ... 
                                                Onde branqueia a caravana errante, 
                                                E o camelo monótono, arquejante 
                                                        Que desce de Efraim
 

                                                .......................................
 

                                                Não basta inda de dor, ó Deus terrível?! 
                                                É, pois, teu peito eterno, inexaurível
                                                        De vingança e rancor?... 
                                                E que é que fiz, Senhor? que torvo crime 
                                                Eu cometi jamais que assim me oprime 
                                                        Teu gládio vingador?!
 

                                                ........................................
 

                                                Foi depois do dilúvio... um viadante, 
                                                Negro, sombrio, pálido, arquejante,
                                                        Descia do Arará...
                                                E eu disse ao peregrino fulminado:
                                                "Cam! ... serás meu esposo bem-amado...
                                                        — Serei tua Eloá. . . "
 

                                                Desde este dia o vento da desgraça 
                                                Por meus cabelos ululando passa 
                                                        O anátema cruel.
                                                As tribos erram do areal nas vagas, 
                                                E o nômade faminto corta as plagas 
                                                        No rápido corcel.
 

                                                Vi a ciência desertar do Egito... 
                                                Vi meu povo seguir — Judeu maldito —
                                                        Trilho de perdição.
                                                Depois vi minha prole desgraçada 
                                                Pelas garras d'Europa — arrebatada —
                                                        Amestrado falcão! ...
 

                                                Cristo! embalde morreste sobre um monte 
                                                Teu sangue não lavou de minha fronte 
                                                        A mancha original.
                                                Ainda hoje são, por fado adverso, 
                                                Meus filhos — alimária do universo,
                                                        Eu — pasto universal...
 

                                                Hoje em meu sangue a América se nutre 
                                                Condor que transformara-se em abutre,
                                                        Ave da escravidão,
                                                Ela juntou-se às mais... irmã traidora 
                                                Qual de José os vis irmãos outrora 
                                                        Venderam seu irmão.
 

                                                Basta, Senhor!  De teu potente braço 
                                                Role através dos astros e do espaço 
                                                        Perdão p'ra os crimes meus! 
                                                Há dois mil anos eu soluço um grito...
                                                escuta o brado meu lá no infinito,
                                                        Meu Deus!  Senhor, meu Deus!!... 

                                                                                                                                   Castro Alves.