" Só se vê com o coração. O essencial é invisível aos olhos. " (O Pequeno Príncipe)

Não pense que escrevo aqui o meu mais íntimo segredo, pois há segredos que eu não conto nem a mim!

" o maior favor que se pode fazer a semente é enterrá-la."

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu não consigo entender mais nada. Nadinha, nadinha. Eles falam que eu tenho que crescer, que já está na hora de agir como gente grande, mas eles me amedrontam o tempo inteiro. Eles me fazem promessas e ao mesmo tempo pedem que eu não acredite em nenhuma delas, porque eles não querem me decepcionar. Eles falam que a dor faz a gente ser mais forte, que um dia os cortes viram cicatrizes e fazem delas mais uma marca de maturidade. Eu sei de tudo isso, não preciso que me digam, porque aprendi com a vida e sei que cada bofetada que levei na face fez com que ela ficasse mais rígida e cada vez menos expressiva. Meu rosto aprendeu a esconder meus sentimentos e agora, quase involuntariamente, um sorriso aparece nele por cada lágrima presa nos olhos. Eles não compreendem que eu preferiria mil vezes não saber de tudo o que sei e ter de volta toda a minha inocência, só pra tirar de mim todas as marcas de um passado tão recente. Porque eu sei que minha dor é ímpar, porque eu sei o quanto ela é devastadora quando estou na escuridão do meu quarto, no elevador do meu prédio, no ônibus e em todos os outros lugares em que fico sozinha. A conversão de meu choro em risadas também os enganou e eu não os culpo. Fui eu quem quis assim, não posso querer que eles enxerguem o que eu escondo tão perfeitamente bem. Alguns agregam à mim, a imagem de uma pessoa forte, uma muralha. Mas é disfarce, tudo disfarce, sou fraca, sou fraca! Forte seria se fosse capaz de mostrar minha fragilidade, se fosse capaz de expor a um amigo as minhas lágrimas, se desse a cara à tapa e parasse de camuflar sentimentos em cima de personagens e mais personagens. Mas eu tenho medo. Sou covarde. Afasto os que são capazes de me tirar da fantasia. Afasto sempre porque no final todos vão embora, porque as pessoas mais dignas de meu amor, sempre tem de ir. Sempre tem algo que quebra, desencaixa e não volta ao lugar. Eu quero correr sempre de mim mesma, quero correr sempre do que me faz completa. Amedronta. Amor demais me amedronta. Me faz ter vontade de sair pela porta e não voltar nunca mais. Se eu não for magoada, magoarei alguém com esse meu orgulho imbecil. Eu não sei, mas preciso, meu rosto precisa respirar sem essa maquiagem. Eu quero o ombro que aconchegou minhas lágrimas, a mão que eu pedia a benção e segurava a minha quando eu tinha pesadelos. Eu quero conseguir continuar sem ferir ninguém, sem me ferir. Não sei se quero crescer agora, porque crescer exige coragem. Pra crescer mais, temos que cair mais também. Já vivi, caí e cresci o suficiente pra saber que cair dói. Crescer dói.

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